Eu estava presa em mim mesma e não conseguia me encontrar. Precisei de ajuda, precisei de força e de foco e aos poucos consegui sair da escuridão. O mar me ajudou, andar de bicicleta na areia sentindo o vento na minha cara fez toda a diferença para que eu me sentisse viva de verdade.

Eu pedalava e parecia que eu estava andando nas nuvens. O barulho do mar me acompanhava e me fazia sentir que eu estava no lugar e na hora certa. Ver as ondas quebrando me fizeram aceitar que tudo vem e vai, nada é permanente na vida, nem aquela loucura que eu sentia.
Enquanto eu pegava velocidade sentia aquela adrenalina gostosa percorrendo meu corpo, me sentia imbatível e nada poderia me parar. Ver as diferentes espécies de pássaros voando sob a minha cabeça me consolava e me mostrava que ainda há liberdade na vida.
Só você pode se salvar! Você pode ter todas as ajudas possíveis, mas se você não se abraçar e se acolher, nada disso vai melhorar. Eu, com a vontade de ficar bem que eu tinha, me apeguei a natureza como um recém nascido se apega ao peito da mãe querendo alimento.
E deu certo, no final sempre dá. O caminho é doloroso, é longo, é perverso, mas você consegue. A gente tira força da onde acha que não tinha e consegue chegar no caminho de vitória onde você pode respirar aliviado porque o pior já passou.
Saber administrar a vida é igual andar de bicicleta: você nunca esquece. Você pode ficar anos sem tentar, sem praticar, ter medo, receio, até cair de novo, mas com o tempo você recupera o ritmo e vai longe. Eu estou indo longe e não vou parar agora.